terça-feira, 24 de agosto de 2010

Como Isso Afeta os Outros


Daí há o efeito que o par, ao viverem juntos sem se casar, pode ter sobre outros. Ainda há muitos que consideram errado, e até imoral, viverem juntos dessa forma. Assim, os pais e avós talvez se sintam infelizes, embaraçados, e preocupados, quando seus filhos ou netos simplesmente vivem juntos. O contato entre as gerações pode ficar prejudicado.

Recorda-se Anna: “Acho que meus pais sentiram-se bem envergonhados de mim quando passei a viver com Jan. Até essa época, eu sempre usufruíra um bom relacionamento com eles. Mas desde então eles se sentiam embaraçados sempre que os parentes perguntavam por mim e sentiam-se muito desconfortáveis na presença de Jan. Não demorou muito para pararem totalmente de nos visitar. Acho que sofreram muito.”

E que dizer dos filhos nascidos de tal união? Quando os pais iniciam e rompem relacionamentos, isso pode resultar em casos em que vários filhos, que não têm os mesmos genitores, passam a viver sob o mesmo teto. Isto poderá deixar as crianças confusas e inseguras. Uma pesquisa realizada por um repórter de TV entre jovens escolares, de 15 anos, mostrou que cerca de um em cada três destes jovens não morava com ambos os genitores biológicos. Em Estocolmo, capital da Suécia, o total chegava até a 43 por cento. O repórter comentou: “Temos agora uma sociedade totalmente diferente. Muitas crianças da década de 80 possuem duas casas . . . passam um fim-de-semana com a mamãe, e o próximo com o papai.” Numa pesquisa feita entre 5.500 crianças de 10 anos, na Suécia, o professor-assistente Claes Sundelin verificou que um rapaz de cada dez tinha graves problemas psicológicos. Concluiu que as crianças são “atingidas pelo aumento das separações”, e que “investem a si mesmos, emocionalmente, nos adultos mais próximos, e um rompimento lhes traz grande desapontamento”. Uma jovem de 12 anos, cujos pais se separaram, expressou o que muitos filhos nessa mesma situação pensam, ao dizer: “Quando eu crescer, quero viver bem. Vou me casar e jamais me divorciarei.”

Na Suécia, o termo “separação” é empregado tanto em relação a pessoas não-casadas como a ex-casadas. Visto que a coabitação sem casamento é um relacionamento mais instável do que o matrimônio, isto significa que os filhos nascidos de pais não-casados correm maior risco de acabarem num lar de um só genitor. Em qualquer dos casos, os filhos sofrem com tal separação, e, com freqüência, como aquela jovem de 12 anos, afirmam que, quando crescerem, querem ter um relacionamento forte e duradouro — no casamento.

Há outros efeitos de longo alcance quando os pares vivem juntos sem se casar. Visto que tais relacionamentos não são registrados, as autoridades não podem sequer levá-los em efetiva conta, e aplicar-lhes as leis. Alguns pares decidem não se casar para evitarem impostos desfavoráveis e a perda de certas pensões e outros benefícios sociais. Isto traz efeitos sobre como a carga tributária recai sobre o povo em geral. As leis que envolvem a herança, testamentos, partilhas, e a custódia dos filhos, tampouco podem ser aplicadas plenamente. Como declarou um advogado dinamarquês: “Além da questão moral, de um ponto de vista estritamente legal, os casamentos sem papel passado são indesejáveis. É preciso muito mais papel, isto é, mais documentos e procedimentos legais, para se resolver questões de bens e de custódia do que no caso dos casamentos devidamente registrados.”

Além das implicações morais ou sociais, existe ainda outro aspecto muito mais importante.

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